Eventos culturais: Entenda como artistas influenciam as economias locais

Taylor Swift, Beyoncé e Ludmilla. Fotos: Scott Eisen/ Kevin Mazur/ Jamal

Quem não gosta de desfrutar de um bom show? Seja com amigos, família ou até sozinho, os eventos atraem multidões por todo o mundo. A vinda de artistas, principalmente internacionais, para o Brasil colabora com o setor turístico, já que muitas pessoas viajam de outras regiões para conseguirem acompanhar os shows e acabam se hospedando nos hotéis, utilizando o transporte e comprando em comércios locais.


Porém, além disso, nos próprios estádios e casas performáticas, os espectadores pagam pelos ingressos do espetáculo, consomem os produtos oficiais e não-oficiais dos cantores, que muitas vezes são vendidos por comerciantes do lado de fora dos locais, e ingerem alimentos vendidos nos estabelecimentos. Dessa forma, eventos culturais e artísticos são responsáveis por uma forte movimentação econômica.


Álvaro Salgueiro é estudante e grande frequentador de shows. Para ele, o uso de espaços como o Engenhão, estádio no Rio de Janeiro, apresenta uma grande importância para o bairro. “Eu sou ex-morador do Engenho de Dentro e sempre para falar sobre o meu bairro, eu menciono o Engenhão. Eu acho muito pertinente o estádio como esse local que ajuda a economia da região da Zona Norte, percebi  o quanto o lado que não fica o Engenhão cresceu depois que eles começaram a usá-lo para shows internacionais. No dia do evento, você via lugares abertos até mais tarde para poder faturar e conseguir ficar bem economicamente, já que todos sabem que ali vai ser uma reta para a galera ir embora. Eu, como ex-morador do bairro, consigo ver a diferença de antes do Engenhão ser um “point” dos eventos e do depois”, afirma.


Estádio do Engenhão. Foto: Yasuyoshi Chiba/ AFP

Efeito “Super estrelas”


Com turnês gigantescas, tanto do ponto de vista estrutural quanto em seu conteúdo, Beyoncé e Taylor Swift vem movimentando as economias por onde passam. O Federal Reserve System(Fed), o banco central dos Estados Unidos, citou em documento oficial o sucesso  da The Eras Tour no PIB em determinadas regiões americanas, em maio e junho deste ano. No mesmo mês, a Suécia registrou um aumento de 9,7% da inflação estimada por economistas europeus. Isso se deve pelo aumento dos preços de restaurantes e hotéis por conta da passagem da Renaissance Tour pelo país.


No Brasil, os seis shows de Taylor, que vão acontecer entre 17 e 26 de novembro, esgotaram em minutos. O fato da cantora nunca ter vindo para o Brasil com uma de seus grandes espetáculos contribui para que seus fãs fiquem mais ansiosos para fazerem parte da experiência.


O amor de fã 


O público é parte essencial da carreira de um artista, já que ele que vai consumir, opinar e compartilhar os conteúdos e produtos que foram lançados. A estudante Clarice Candido ressalta que os fãs são capazes de tudo para poder ficar próximo ao artista que admira: “O fã faz de tudo para aproveitar aquele dia da melhor forma. Eles chegam 10 horas da manhã para assistir à um show que começa às 21 horas, para poder pegar um bom lugar e estar perto daquele artista que ele tanto tem um carinho, um apreço”.


Ela também relata um momento que presenciou após o show do cantor Harry Styles, na Jeunesse Arena, Barra da Tijuca: “No final do show, tinha gente que não conseguia pedir um Uber de jeito nenhum. Eu vi com os meus próprios olhos, duas meninas que moravam em Copacabana tiveram que pagar 300 reais em um táxi para poder ir para casa. Eu acho que é uma situação de loucura você gastar tanto dinheiro e se colocar em situação de risco como essa tarde da noite”.


Para realizar o sonho de ver os artistas ao vivo, muitos admiradores viajam de suas cidades para os locais dos shows. Seja de ônibus, carro ou até avião, o fluxo econômico das regiões irá aumentar, já que há uma maior demanda pelos serviços locais. É o que reforça a estudante Gabriella Sardoux, que compartilhou um exemplo pessoal: “Acho que os fãs mais dedicados fariam de tudo para conseguir ver seu artista favorito e isso, mesmo que indiretamente, auxilia nessa movimentação[da economia]. Para o show do BTS, por exemplo, eu precisei viajar do Rio de Janeiro para São Paulo para conseguir assistir e, mesmo sendo longe, foi uma das melhores experiências da minha vida”. 



Salvando vidas


 Campanha de arrecadação de sangue. Foto: Instagram/ @hemorio

A cantora Ludmilla realizou uma parceria com o Hemorio, quem doasse sangue entre os dias 5 e 7 de julho ganharia um ingresso para assistir ao Numanice, no Estádio do Engenhão, Rio de Janeiro. O projeto de pagode vem fazendo um enorme sucesso nos últimos anos e já arrastou multidões por onde passa. Dessa vez, além de bater recorde de público, ele também ajudou na campanha de doação de sangue e, em apenas três dias, bateu a média semanal do Hemorio. 


A iniciativa da artista mostra que eventos dessa proporção são capazes de não só beneficiar o país economicamente, mas também no âmbito social. Como detalha Clarice, que esteve presente no show e aprovou a atitude da cantora: “Essa iniciativa da Ludmilla foi uma coisa muito legal de ver, ela fez questão de parar o show para falar um pouco sobre essa ação que ajudou milhares de pessoas. [...] Achei que foi uma causa sensacional e se todo artista aderisse a isso seria incrível para o país.”  


Seja com amigos, família ou até sozinho, o importante é curtir o momento!