Representatividade: jogadoras da Seleção Brasileira de Futebol inspiram mulheres e meninas fãs do esporte

A Copa do Mundo Feminina de 2023 já começou. Mas, infelizmente, não é desde sempre que as mulheres são incentivadas a praticar o esporte. 

Enquanto a primeira Copa do Mundo masculina aconteceu no ano de 1930, as mulheres só começaram a disputá-la em 1991, 61 anos mais tarde. Em um contexto histórico machista, as garotas precisaram lutar por um lugar no esporte. No ano de 1941 o ex-presidente Getúlio Vargas publicou um decreto que determinou a proibição da prática de alguns esportes por mulheres, inclusive do futebol. A proibição ocorreu até 1979, quando o decreto foi revogado. Somente em 1983 a prática do esporte entre pessoas do sexo feminino foi regulamentada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).




Apesar dos avanços, as mulheres ainda são minoria no futebol brasileiro, tanto nos campos, quanto nas arquibancadas. Segundo a Revista Fórum, os salários das jogadoras da Série A do Brasileirão equivalem ao dos jogadores da Série C do mesmo campeonato masculino. A jovem Thayse Cunha é fã do esporte e tem altas expectativas para a competição que acontece na Austrália e Nova Zelândia. De acordo com ela, a competição é importante para dar visibilidade para as jogadoras: “Eu acho que é um torneio que dá uma visibilidade muito boa para uma categoria que, infelizmente, ainda não tem toda a mídia da masculina. Tem muito jogadora que joga 10 vezes mais que muitos caras de grandes seleções, de grandes times. Precisa ter mais espaço, mais reconhecimento não só das mídias, mas também do público e dos investidores.”

Torcedoras também sofrem a diferença no tratamento dos homens ao conversar sobre o assunto. Thayse ressalta que, inúmeras vezes, já precisou provar para homens que realmente gosta e entende de futebol: “Você fala que gosta de futebol e os caras começam a falar para você recitar a escalação do seu time de 1940”. 

A estudante Yasmin Nóbrega, de 11 anos, é fã do esporte e o pratica desde os 5 anos de idade. Incentivada pela família, a jovem vascaína acredita que, nos tempos atuais, muitas barreiras foram atravessadas, mas ainda há uma disparidade entre o incentivo de homens e mulheres: “Não acho que as meninas são incentivadas igualmente aos meninos, eles são muito mais. As meninas se esforçam mais em alguns requisitos porque elas não são tão incentivadas. Por isso, elas dão mais a vida, se entregam na hora que estão no campo de futebol”.

Representatividade é importante. O evento esportivo traz visibilidade para as jogadoras de altíssimo nível. Muitos desafios foram suplantados, mas ainda temos muitos a enfrentar.A audiência e acompanhamento das mulheres é imprescindível para o avanço feminino no esporte. Yasmin mostra-se animada para o torneio: “Vou acompanhar a Copa do Mundo feminina, com certeza absoluta. Eu também estou muito ansiosa porque vai ser a última Copa do Mundo da Marta, que é uma inspiração para muitas meninas e para mim” . Se nos anos 40 mulheres foram presas por praticar o esporte, hoje temos jogadoras como  Marta que cativam os brasileiros com todo o seu talento. Afinal,  futebol também é para meninas.

A Copa do Mundo Feminina 2023 estreou no dia 20 de julho e se estenderá até 20 de agosto. Esta edição, que está acontecendo na Austrália e na Nova Zelândia, é a maior de todos os tempos e a primeira a ter 32 seleções competindo. A divisão dos grupos segue o modelo do masculino: oito grupos de quatro países, com os dois líderes se classificando para o mata-mata. O Brasil está no grupo F, junto com França, Jamaica e Panamá.