Greve dos atores e roteiristas 2023: entenda as mobilizações e suas consequências

Manifestantes em frente à sede da Netflix em Los Angeles. Foto: Grosby Group 


Roteiristas e atores de Hollywood se uniram no que pode ser a maior greve na história da indústria audiovisual. A única vez que os dois grupos pararam juntos foi em 1960, quando o presidente do Sindicato dos Atores era Ronald Reagan. Com a interrupção das atividades, séries, filmes e até premiações correm o risco de serem adiadas para 2024.


Por que está acontecendo?


O Sindicato de Atores (SAG - AFTRA) e o Sindicato dos Roteiristas (WGA) se uniram após não conseguirem chegar a um acordo com a Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP), associação que representa diferentes empresas responsáveis pela produção de séries e filmes, incluindo a Disney, a Sony e a Warner. As duas organizações exigem revisões das formas de pagamento. Vale lembrar que os roteiristas estão em greve desde o dia 2 de maio e os atores desde 13 de julho.  


Entre as exigências dos profissionais estão:


  • Melhores contratos de remuneração

  • Melhores condições de trabalho

  • Uma divisão mais justa dos lucros (principalmente dos valores vindos dos streamings)

  • Regras para o uso dos conteúdos produzidos por Inteligência Artificial


O formato de venda de conteúdos audiovisuais mudou. O surgimento dos aplicativos de streaming transformou não só a maneira como as produções são consumidas, mas também como são feitas. A duração das obras, por exemplo, é uma das mudanças dessa nova era de transmissões. As séries estão cada vez mais curtas e, consequentemente, os roteiristas possuem menos material para trabalhar. Atualmente, estes profissionais recebem um pagamento anual fixo, o que, de acordo com o WGA, “é baixo demais comparado ao grande reaproveitamento internacional".


Já o SAG, afirma que os royalties pagos para os atores e atrizes pelas plataformas de streaming estão diminuindo, o que bate de frente com a valorização dessas empresas. Sobre a inteligência artificial, estúdios pretendem usar as imagens dos artistas replicadas pelo método sem pagá-los, mesmo não as autorizando. Por isso, o Sindicato pede o consentimento para qualquer uso de imagem dos atores, o que a AMTP recusou.


Quais artistas estão apoiando a greve?


Uma das principais artistas ligadas a causa é a atriz Fran Drescher, estrela do sitcom “The Nanny” e presidente do SAG - AFTRA. O seu discurso criticando os executivos de grandes estúdios foi extremamente aplaudido por todos os presentes.


“Eu, sinceramente, não acredito no quão distante estamos em tantas coisas. Como eles [os estúdios] alegam pobreza, que estão perdendo dinheiro por todo lado, enquanto dão centenas de milhões de dólares para seus CEOs. Isso é nojento. Deveriam se envergonhar. Estão do lado errado da História”, afirmou Drescher.


Além dela, nomes como Mark Ruffalo, Jenna Ortega, Jamie Lee Curtis, George Clooney, America Ferrera, Joey King, Bob Odenkirk, Xolo Maridueña e Bruna Marquezine também demonstraram o seu apoio ao movimento por meio de suas redes sociais.


Quais produções foram afetadas?


Diversas obras audiovisuais, incluindo filmes e séries famosas, foram prejudicadas com a paralisação. Stranger Things, House of Dragon, Deadpool 3, Cobra Kai, Yellowjackets e The Handmaid's Tale são algumas produções que estão sendo afetadas pela greve. Além destas, eventos como a Comic Con e o Emmy 2023 podem sofrer alterações em seus cronogramas.